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Belo Monte, apresentada como estratégica, tem espalhado dor ao povo do Xingu

Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

 

Senhor Presidente,
Senhoras Deputadas,
Senhores Deputados,

Três trabalhadores morreram e outros três foram feridos no acidente com um dos silos de concreto da área industrial do sítio Belo Monte, em Vitória do Xingu, no Pará, onde está sendo construída a hidrelétrica. O acidente ocorreu na madrugada do último sábado, 30. O silo medindo cerca de 10 metros de altura e contendo 500 toneladas do produto desabou quando um caminhão fazia a descarga no interior do silo. As vítimas fatais foram soterradas nos escombros. Os bombeiros foram até o local para resgatar os corpos. As causas do acidenteestão sendo apuradas pelo Centro de Perícias Científicas Renato Chaves.

O Consórcio Construtor Belo Monte, que administra a obra, informou que morreram no acidente os ajudantes de produção Denivaldo Soares Aguiar, José da Conceição Ferreira da Silva e Pedro Henrique dos Santos Silva.

Já os três trabalhadores feridos, receberam atendimento no canteiro de obras pela Unidade Móvel de Terapia Intensiva do CCBM. Dois deles sofreram ferimentos leves e já receberam alta médica, mas o terceiro sofreu fratura no ombro e foi encaminhado ao hospital de Altamira.

Ao todo, 102 operários trabalhavam no canteiro de obras quando houve acidente às 2 horas da madrugada.  O canteiro reúne sete mil operários, nesta atual etapa.

A Usina de Belo Monte é uma obra de custo estimado de R$ 30 bilhões, com conclusão prevista para o início de 2019. Uma obra que, apresentada como estratégica para o Brasil, contraditoriamente tem espalhado dor ao povo do Xingu à medida em que viola direitos, atropela as leis vigentes e desrespeita a vida humana.

Índios não foram consultados, comunidades tradicionais estão sendo expulsas de suas casas, ausência de licenciamento ambiental e descumprimento de condicionantes, como as obras de infraestrutura capaz de suportar o atendimento da população local, que inchou com a imigração de trabalhadores em busca de emprego em Belo Monte. E junto com o crescimento desenfreado da população, vieram as mazelas do desemprego, da violência, da doença e até o tráfico humano, sem que os governos federal e estadual e nem os responsáveis por esse megaempreendimento se sintam responsáveis em solucionar tantas desgraças.

Na Semana Nacional do Meio Ambiente, é fundamental levantar a voz contra esse flagrante desrespeito aos direitos humanos, que afeta o presente e o futuro dos povos do Xingu, deixando o travo amargo de um modelo excludente e predatório.

Por isso, é inadmissível que essa situação se perpetue sem que o Estado brasileiro cumpra com seu dever inscrito como pilar básico da Constituição Federal.

Edmilson Rodrigues

Deputado Federal PSOL/PA