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“Celebrar o Dia Mundial da Água significa reiterar a luta pela vida”

Foto: Zeza Ribeiro/Câmara dos Deputados
Foto: Zeza Ribeiro/Câmara dos Deputados

 

Senhor Presidente,
Senhoras Deputadas,
Senhores Deputados:

No último domingo, 22, foi comemorado o Dia Mundial da Água. Mas será mesmo que há o que comemorar?

Vivemos em escala planetária uma verdadeira crise civilizatória. E, sem dúvida, uma das faces mais dramáticas é a que se expressa pela cada vez mais frequente crise hídrica, intencionalmente produzida, como nosso país tem vivenciado de forma aguda nos últimos meses.

A vida humana para se perpetuar precisa da água, mas não da água precificada e mercantilizada.

Como diz o poeta Wystan Hugh Auden no documentário “Flow – por amor a água”, milhares de pessoas podem vivem sem amor, mas não sem água. Se não nos ocuparmos, aqui, em pensar a crise hídrica nacional e mundial e deixarmos de garantir ao nosso povo a água como um direito elementar, todas as demais demandas humanas perderão o sentido de existir.

Não estamos discutindo sobre um futuro longínquo. Já vivemos, hoje, os graves problemas em consequência da poluição, falta de tratamento e saneamento que colocam constantemente em risco a água potável. A crise da água é problema presente e não é de hoje que é tratada como produto. A chamada comoditização da água se agravou a partir dos anos 1990, quando o Banco Mundial promoveu os serviços de água no mercado internacional. Aquela era a década que marcou o boom das privatizações selvagens e, com isso, o Banco convenceu alguns países a privatizar a distribuição de água para a população.

Ocorre que quando um direito é transformado em mercadoria, pouquíssimos desfrutam de elevados lucros à custa do sofrimento de milhões. Foi o que aconteceu em vários países em todo o mundo e também na América Latina. As empresas, uma vez proprietárias desse bem, elevaram o preço da água e a população sentiu e protestou. Basta lembrarmos da Guerra da Água que ocorreu em Cochabamba, na Bolívia em 2000, quando multinacionais passaram a controlar a água. A população pobre e miserável foi impedida até mesmo de furar poços e de reservar água da chuva. A ira desse povo levou à queda do ex-ditador Hugo Banzer. Nos anos que seguiram, a água foi reestatizada ali e também em outros países como Uruguai.

Vivemos, portanto, uma quadra histórica na qual a água não vem sendo reconhecida e respeitada como um direito fundamental humano. Pelo contrário, aqui no Brasil não temos, como no Uruguai, uma legislação que garanta que o abastecimento de água seja prestado exclusiva e diretamente por pessoas jurídicas estatais. Enquanto isso, sofremos diversas tentativas de privatização da nossa água.

Celebrar o Dia Mundial da Água significa reiterar a luta pela vida e pela preservação de um requisito indispensável para a conquista da plena felicidade humana.

É esta conclamação que peço que fique registrada nos anais do parlamento brasileiro.

Edmilson Rodrigues
Deputado Federal PSOL/PA