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Cid Benjamin lança livro em Belém

Edmilson Rodrigues no lançamento do livro de Cid Benjamin (1)

Um debate sobre a ditadura militar e suas consequências na história e democracia brasileiras marcou o lançamento do livro Gracias a La vida – memórias de um militante, do jornalista pernambucano Cid Benjamin. Radicado no Rio de Janeiro desde que retornou do período de exílio, o autor do livro destacou que pretende com o livro contribuir para o resgate da memória da época mais obscura de nosso país. “Não queria apenas fazer um livro de relatos, mas fazer uma análise sobre o que vivi e os acontecimentos relacionados à ditadura militar e ao período democrático em que vivemos”, declarou Cid Benjamin, que foi bastante aplaudido pela plateia que compareceu ao debate e lançamento do livro, realizado nesta quinta-feira, 13, no auditório João Batista da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa). O evento teve o apoio do mandato do deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL).

Edmilson Rodrigues no lançamento do livro de Cid Benjamin (0)Cid Benjamin contou várias situações que vivera durante o regime militar, sobretudo o tempo em que esteve preso e que sofreu tortura, além de ter sido mantido em cela solitária, sem contato com qualquer pessoa. “A tortura é muito mais grave que os maus-tratos porque a violência não é apenas de caráter físico, ela quer destruir o que a pessoa tem em sua essência, suas crenças e convicções, a sua dignidade, aquilo que a torna um ser humano, um cidadão. Só quem já ficou preso em uma solitária, sem contato com outras pessoas sabe o quanto isso é difícil”, disse o jornalista, que defende a punição dos torturadores. “O futuro da tortura está ligado ao futuro dos torturadores. É preciso que a gente conheça essa história que ainda está obscura para os brasileiros porque uma sociedade que não conhece a sua história está fadada a repetir os seus erros”, acrescentou.

O deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL) ouviu, atentamente, da plateia, a palestra do autor e amigo e ao se pronunciar revelou a sua emoção. “Fiquei bastante emocionado em diversos momentos da fala do Cid (Benjamin) pela humanidade de seu relato e de sua postura diante da vida, pois ele tinha muitos motivos para ser uma pessoa rancorosa e querer se vingar dos seus torturadores e, no entanto, expressa em seu livro e aqui para todos nós a sua generosidade e humanidade em tocar a vida e lutar, acima de tudo, para o resgate da memória do período de regime militar”, destacou Edmilson.

Edmilson Rodrigues no lançamento do livro de Cid Benjamin (4)

O autor do livro fez questão de ressaltar o que Edmilson Rodrigues falou, dizendo que defende a punição dos torturadores, mas não por uma questão de vingança, e sim porque o futuro desses torturadores está diretamente ligado ao futuro da tortura. Nesse sentido, punir os torturadores implica em não permitir que esse tipo de prática cruel volte a existir em nosso país. Cid Benjamin lembrou em sua fala durante o debate que o líder sul-africano, Nelson Mandela, esteve preso durante 27 anos, dos quais em boa parte foi torturado, quebrou pedra e foi submetido a trabalhos forçados e, ao sair da prisão e se eleger presidente do país, não promoveu a vingança. Ao contrário, anistiou os torturadores, desde que eles contassem tudo o que haviam feito e, caso omitissem algo ou mentissem, aí sim responderiam criminalmente. “O objetivo de Mandela era justamente o de resgatar a história do período de apartheid no país como forma de criar anticorpus naquela sociedade para que o regime não mais voltasse. E é também dessa forma que penso e espero que meu livro contribua para trazer à tona a verdade desse período de ditadura militar no Brasil”, concluiu Cid Benjamin, que já lançou o livro no Rio de Janeiro e cidades do interior daquele estado, Brasília, Belém (nesta quinta-feira, 13) e lançará nesta sexta-feira, 14, em Macapá.