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Congratulações a Jorge Alberto dos Santos, da etnia Tembé, primeiro indígena a se formar na UFPA

Foto: Laís Teixeira/UFPA

Senhor Presidente,
Senhoras Deputadas,
Senhores Deputados;

Ocupo essa tribuna para celebrar o fato de, pela primeira vez, após a implantação do Processo Seletivo Especial para Povos Indígenas na Universidade Federal do Pará (UFPA), um aluno indígena ter se formado naquela instituição. O estudante de Ciências Contábeis, Jorge Alberto dos Santos, da etnia Tembé, defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na última quinta-feira (12), e deverá receber o diploma em breve. O trabalho foi feito em conjunto com o aluno Cristiano Aguiar e teve como tema “Contabilidade em Instituição Indígena: um estudo da prestação de contas da Associação do Grupo Indígena Tembé das Aldeias Sede e Ituaçu (Agitasi)”.

Avaliado com o conceito excelente, o trabalho do Tembé mostra de que forma a contabilidade pode ajudar na administração de associações que funcionam dentro de aldeias. Neste caso, da Associação Agitasi, das aldeias Tembé. Para chegar até à graduação, o indígena passou por várias etapas antes da universidade, e a formação dele será fundamental para ajudar a aldeia de onde veio. De acordo com o indígena, tudo começou com a abertura das cotas. A partir daí, a sua aldeia foi avisada do processo seletivo e os caciques se reuniram e mandaram Jorge Alberto Tembé para Belém. Agora, o Tembé acredita que sua formação ajudará o seu povo porque, segundo ele, uma associação indígena em sua aldeia já chegou a fechar porque não tinha contador.

Segundo o recém-formado contador indígena, além dele outros doze índios vieram estudar na capital, a mesma época que ele, mas apenas ele e mais um conseguiram se adaptar à nova rotina. Porém, de acordo com Jorge Alberto Tembé, os outros não conseguiram se acostumar e desistiram, preferindo voltar para a aldeia. Ele conta que adorou o curso, mas que sentiu muita saudade do seu povo durante a graduação. “Eu gostei muito do curso. Ficava aqui [na capital] durante a semana, e nos finais de semana voltava para a aldeia, mas sentia falta de lá”, afirmou. A aldeia Tembé dele fica em Santa Luzia do Pará, nordeste do estado.

De acordo com dados da UFPA, em todo o estado existem cerca de 60 povos indígenas. Para facilitar o acesso deles à universidade, desde 2010 é realizado o Processo Seletivo Especial para Povos Indígenas. Através dele, são destinadas duas vagas a mais em todos os cursos de graduação da instituição, especificamente para candidatos de origem indígena.

Para o presidente da Associação dos Povos Indígenas Estudantes da UFPA, professor Edimar Fernandes, a conclusão do curso pelo Tembé é um marco para a instituição porque é o primeiro indígena a se formar a partir de um programa da universidade, que foi criado a partir das solicitações dos povos indígenas. “Sair daqui com o diploma em mãos é, também, a possibilidade de cumprirmos com o nosso papel de cidadão, como indígena, para a nossa aldeia e os nossos povos”, argumentou o professor Edimar Fernandes.

Diante dessa história tão bonita, de luta e resistência, requeiro, nos termos regimentais que esta casa parlamentar manifeste suas congratulações ao primeiro indígena a se formar na UFPA, o estudante de Ciências Contábeis Jorge Alberto dos Santos, da etnia Tembé.
Nesse sentido, requeiro que seja dado conhecimento do teor integral deste documento à Associação do Grupo Indígena Tembé das Aldeias Sede e Ituaçu (Agitasi), Fundação Nacional do Índio (Funai), Associação dos Povos Indígenas Estudantes da UFPA e Ministério Público Federal (MPF).

Palácio Cabanagem, 17 de dezembro de 2013.

EDMILSON RODRIGUES
Líder do PSOL