O requerimento da Comissão parlamentar de Inquérito (CPI) que objetiva investigar a existência de grupos de extermínio e de milícias no Pará, recebeu a nona assinatura nesta quarta-feira, 12, na Assembleia Legislativa do Estado. A deputada Josefina Carmo (PMDB) assinou o requerimento de autoria do deputado Edmilson Rodrigues (PSOL). A CPI é cobrada por mais de 100 entidades do movimento social, que formalizaram essa reivindicação por escrito, na véspera.
“A CPI não é contra o estado, mas a favor da paz e da justiça”, defendeu Edmilson, na tribuna, durante a sessão ordinária da Alepa, na manhã desta quarta-feira. O psolista lembrou que as mesmas entidades sociais que cobram a apuração dos 10 assassinatos ocorridos nas periferias de Belém em decorrência da execução do cabo Antônio Marcos Fuigueiredo, o “Pet”, na noite do último dia 4, apoiaram o movimento paredista das praças da Polícia Militar, quando se aquartelaram no 6o Batalhão da corporação, em Ananindeua, este ano. Edmilson reafirmou que a CPI não é contra os policiais militares, mas para apurar os fatos.
“Nada justifica que policiais se envolvam com outras pessoas, sejam policiais ou não, e comecem a fazer a ‘limpeza’ na periferia, a mando de comerciantes. Todo dia tem jovem indígena, negro e pobre sendo morto na periferia de Belém com tiro na cabeça e tornou-se corriqueira a explicação de que foi acerto de contas’. Sabemos da importância da polícia. Todos os cidadãos têm que se submeter às normas constitucionais”, defendeu.
Edmilson relatou, na tribuna, que vem recebendo informações sobre os supostos envolvidos nas milícias que atuam no estado e que existiria o total de três grupos em atuação, sendo um ligado à Polícia Civil, outro ligado a comandantes da Polícia Militar e o terceiro ligado às praças da PM. Ainda, ele questionou como o setor de Inteligência da Segurança Pública, com todo o aparato tecnológico que possui, pode desconhecer a existência desses grupos. “Não estou fazendo ilação de que o governador ou a cúpula do governo tenha qualquer relação com o crime. No entanto, existe a situação que faz o Pará refém desse estado paralelo”, apontou.
Confira os deputados que já assinaram a CPI: Edmilson Rodrigues (PSOL), Edilson Moura (PT), Airton Faleiro (PT), Waldir Ganzer (PT), Carlos Bordalo (PT), Antônio Rocha (PMDB), Nilma Lima (PMDB), Parsifal Pontes (PMDB) e Josefina Carmo (PMDB). Os integrantes da base aliada do governo não tem revelado resistência à CPI. O líder do governo na Casa, deputado José Megale, informou a Edmilson que aguarda o recebimento de informações da investigação policial sobre a chacina.
