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Edmilson analisa o discurso pró-Belo Monte no Intercom

O deputado estadual e Professor Doutor Edmilson Rodrigues (PSOL) participou da mesa de debates “Conflitos, mediações e discursos com comunidades amazônicas”, na programação de abertura do XIII Congresso de Ciências da Comunicação da Região Norte (Intercom Norte 2014), nesta quinta-feira, 1o de maio, no Centro de Eventos Benedito Nunes (hangarzinho), da Universidade Federal do Pará (UFPA).

A mesa foi coordenada pela Professora Dra Ivânia dos Santos Neves, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPA, e também contou com a participação da Prof Doutora Regina Lima e da Professora Mestra Stela Pojuci de Morais, coordenadora do Curso de História da Universidade da Amazônia (Unama).

Edmilson falou sobre os conflitos gerados pelos grandes projetos e os impactos em relação às comunidades indígenas e tradicionais da Amazônia. “O projeto de desenvolvimento tem aparência de nacionalidade, mas a rigor é submetido aos interesses de agentes hegemônicos, no caso, as corporações e os estados. O projeto Belo Monte foi lançado em 1989, com o nome de Kararaô, mas acabou enfrentando a resistência social que ganhou amplitude com a comunicação, o que inviabilizou o projeto naquele momento”, observou Edmilson, lembrando da imagem, que correu o mundo, da índia Tuíra Kaiapó ameaçando com um facão o então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes.

Noutro momento, Edmilson destacou que, com o objetivo de quebrar a resistência ao projeto, o governo federal viabilizou a obra dispensando a exigência da oitiva das comunidades que sofrerão os impactos socioambientais, contrariando o que determina a Constituição Federal e a Convenção 169 firmada com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Negou-se o direito de debater. Constituiu-se o discurso para convencer o conjunto social de que o projeto é positivo, que vai gerar impostos, vai trazer riqueza, modernização e progresso.”

Edmilson lembrou a experiência de Tucuruí: “Mais de 1.200 ilhas desapareceram com o grande lago criado pela barragem, que expulsou moradores tradicionais e os mantém sem acesso à energia elétrica até hoje. A navegabilidade foi interrompida.” Ele também observou que, apesar do discurso oposto, Belo Monte não trará desenvolvimento ao Pará: “Consumimos apenas 2% da energia de Tucuruí e o resto é exportado. Com Belo Monte, passará a 1%. Somos convencidos de que o Tapajós precisa de cinco hidrelétricas e o Xingu de pelo menos mais três. Eles tentam superar a resistência fazendo com que a população aceite que o Pará precisa gerar energia para o país que amamos, por meio do Sistema Interligado Nacional. Mas não implantaremos indústrias devido à Lei Kandir. O padrão de desenvolvimento delegado ao Pará é o de subdesenvolvimento porque não rompe com o atraso econômico e social e não se preocupa com a preservação ambiental e com a vida dos povos tradicionais e indígenas. O Pará se manterá o almoxarifado do Brasil.”

A tese de Doutorado em Geografia Humana, de Edmilson Rodrigues, intitulada Território e Soberania na Globalização – Amazônia, Jardim de Águas Sedento, analisa a relação entre globalização e soberania territorial, com foco no fenômeno da apropriação privada dos recursos hídricos do território amazônico. A tese foi defendida em 2010 na Universidade de São Paulo (USP) e dedica parte da análise à instalação e impactos da hidrelétrica de Belo Monte.