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Edmilson defende em palestra novo modelo de globalização

Professor doutor em Geografia Humana, o deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL) ministrou palestra a estudantes de Geografia e defendeu um novo modelo de globalização. A palestra foi proferida na noite desta sexta-feira, 28, na Faculdade Integrada Brasil Amazônia (Fibra), durante a programação da Semana de Geografia, e teve como tema “Território e soberania na globalização”. Edmilson agradeceu ao convite e falou sobre as reflexões que trabalhou acerca do tema em sua tese de doutorado, pela Universidade de São Paulo (USP), defendida em 2010, e que resultou no lançamento do livro “Território e soberania na globalização – Amazônia, jardim de águas sedento”. “Refleti em minha tese os usos hídricos no território, em especial na Amazônia, onde se tem verdadeiras próteses no território, como é o caso da usina hidrelétrica de Belo Monte, que atende a interesses do capital financeiro internacional”, destacou.

Edmilson falou sobre a necessidade de reflexão sobre a globalização, que pretende homogeneizar as pessoas, sem observar as diferenças. A partir do geógrafo Milton Santos, o referencial teórico de sua pesquisa científica, ele falou sobre as três formas de globalização. A primeira delas é a fábula, que cria uma ilusão de que as relações e a qualidade de vida melhoram e que o desenvolvimento chega a todos; a segunda é a da perversidade, onde se destacam situações como desemprego, fome, pessoas morrendo sem atendimento médico e outros tipos de exclusão social; e a terceira é o futuro, na qual se percebe as mutações tecnológicas com apropriação pelas classes menos favorecidas – ainda que não seja em sua totalidade – mas, sobretudo, a possibilidade de construção de um mundo melhor, de uma nova globalização.

Edmilson ressaltou que trabalha em sua pesquisa na perspectiva miltoniana, que trabalha com a concepção de que o espaço é uma instância social, um híbrido de sistemas de todos os objetos e todas as suas ações, e não só na sua materialidade. Para o pesquisador, a concreção do espaço geográfico se dá no uso. Ao falar sobre as formas de uso do território, o professor destacou que há uma dinâmica de agentes internacionais que agem para a normatização e para a docilização do território para o uso hegemônico, para promoverem a sua exploração em grandes projetos, como a UHE de Belo Monte, na Amazônia. Os agentes internacionais BIRD, FMI e OMC, Edmilson conceituou em sua tese como sendo a “santíssima trindade do capital internacional” atuando no Brasil, sobretudo na Amazônia, para transformar o recurso hídrico em mercadoria, visando apenas o lucro.

Em relação à Belo Monte, Edmilson ressaltou que o tema mereceu um capítulo de sua tese doutoral e destaca que não há uma justificativa técnico-científica para a sua implementação. De acordo com o pesquisador, os estudos e prospecções feitos pelo governo federal mostram que a produção de energia será muito menor do que o esperado, especialmente, em função da seca do rio Xingu, em alguns meses do ano, quando a produção deverá ficar ainda mais baixa. Além disso, segundo levantamentos feitos por Edmilson, a obra que estava orçada, inicialmente, em U$ 6,5 bilhões, já está prevista para ser concluída em cerca de U$ 33 bilhões. “O território é recurso econômico se serve para a privatização, mas é recurso natural se serve para uso social”, concluiu Edmilson, que indicou aos estudantes de Geografia da Fibra, que leiam o livro de Milton Monte, intitulado “Por uma outra globalização”.