O abandono das obras de habitação das famílias remanejados do Portal Amazônia, no bairro do Jurunas, foi conferido de perto pelo deputado federal Edmilson Rodrigues (Psol) e o defensor público chefe da Defensoria Pública da União, Cláudio Luiz dos Santos, na manhã deste sábado, 18. Segundo o presidente da Associação dos Moradores do Projeto Portal da Amazônia (AMPPA), Mauro Tavares, 344 famílias que seriam remanejadas da área, apenas foram retiradas de suas casas e há sete anos recebem o auxilio-aluguel de R$ 500,00, valor considerado insuficiente para a manutenção de outra moradia temporária, enquanto permanecem sem expectativa de quando voltarão a ter a casa própria. A obra recebeu recursos federais do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC I).
Edmilson anunciou que buscará a solução ao problema junto aos órgãos federais. Já Santos afirmou que vai investir numa solução extrajudicial, inicialmente, junto aos moradores governos municipal, estadual e federal e a empreiteira. “Uma ação judicial levaria muito tempo e os moradores precisam de uma solução imediata”, afirmou.
Após a conclusão do Portal da Amazônia, pelo ex-prefeito Duciomar, apenas 16 unidades habitacionais foram entregues na orla. Taça de informa que, desde 2011, as obras para a construção das demais moradias permanecem paradas. A comunidade levou o defensor-geral e o deputado em dois canteiros de obras, que estavam com as portas abertas e sem vigilância, situados no final da Rua Osvaldo de Caldas Brito e no final da Rua Mundurucus, na área da orla.
O deputado Edmilson observou que além da obra do Portal, também estão abandonadas as construções habitacionais da Vila da Barca, Taboquinha e Tucunduba. “É um desrespeito com o povo paralisar uma obra. Há famílias que, devido o baixo valor e o atraso no auxílio-aluguel, já fizeram várias mudanças e perderam todos os móveis, que são de material frágil”, disse Edmilson.
“Já roubaram vários materiais da obra, como telhas e caixa d’água. Esse local fica abandonado, se deteriorando. É quanto mais tempo passa, a obra vai ficando mais cara”, reclamou a moradora Angelita Barbosa, uma das remanejadas. O mato vai tomando conta dos terrenos e há água empoçada, que pode servir para a reproducao de mosquitos. Já a idosa Firmina Ribeiro conta que reside de aluguel num beco, num imóvel de dois cômodos com a filha, há sete anos. “O meu filho também morava com a gente, mas foi embora porque a casa é muito pequena. Estamos há sete anos nessa situação”.
O defensor público chefe disse que avalia a situação há um mês e meio. Ele já enviou pedido de informações da obra para a Prefeitura de Belém, mas ainda não recebeu resposta. “Salta aos olhos a ausência de cronograma de obras e o valor do auxilio-aluguel, que está aquém da realidade local. Vamos fazer um levantamento dos valores de aluguel cobrados na área”, anunciou.