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Edmilson participa de audiência sobre saúde indígena

O auditório do Ministério Público Federal (MPF) ficou pequeno, na tarde desta terça-feira, 30, para as dezenas de indígenas de diversas etnias e localidades do Estado que vieram a Belém para lutar por melhorias no atendimento da saúde indígena. Com os corpos pintados e com arcos e flechas em mãos, eles reclamaram da falta de medicamentos, de estrutura adequada para o atendimento e a falta até mesmo de combustível para abastecer os poucos carros que as aldeias possuem. Além de meio de transporte, os veículos funcionam também como ambulâncias. Os índios pediram a saída de Danielle Cavalcante da direção do Distrito Guamá-Tocantins, da Secretaria Especial dos Povos Indígenas.

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Edmilson visita posto de saúde da aldeia Canindé no início deste ano.

De acordo com o cacique Naldo Tembé, da aldeia sede em Santa Luzia do Pará, há mais de um ano, os povos indígenas têm participado de inúmeras reuniões com representantes da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e nenhuma política ou ação foi adotada para minimizar o sofrimento do povo. Recentemente, dois índios tembés (um adulto e uma criança), morreram em Paragominas em decorrência da malária. “Lá não se tem nem os remédios mais básicos para dor. Estamos aqui porque a situação está muito difícil, estamos sofrendo muito e não aguentamos mais ouvir as mesmas coisas e repetir os nossos problemas. Por isso, queremos a saída de Danielle (Cavalcante)”, destacou Naldo Tembé, acrescentando que, além de todos os problemas que enfrentam na área da saúde, ainda sofrem com a falta de diálogo por parte da gestora do órgão.

Edmilson Rodrigues em audiência com indígenas no MPF

Vários indígenas se manifestaram sobre a falta de diálogo – e de confiança – em relação à direção do Distrito, que é quem gerencia a questão da saúde indígena. Revoltados, os índios ameaçaram se retirar e ir até Brasília, se preciso for, para terem atendida a exigência que estão fazendo de afastamento de Danielle Cavalcante, assim como o atendimento das demais reivindicações. Raimundinho Tembé é professor da aldeia Taputiri e lembrou que foi um dos que lutou pela criação da Sesai. Participou junto com outros indígenas de vários seminários para tratar das atribuições da secretaria, criada há três anos, mas que nada está sendo cumprido. “Dissemos na ocasião que não queríamos intervenções políticas na Sesai e que para trabalhar nela era requisito conhecer a saúde indígena e os povos para estabelecer bom diálogo para a condução das políticas públicas. Mas o que estamos vendo é o contrário disso e nosso povo sofrendo. Nós somos seres humanos, somos cidadãos brasileiros e estamos lutando pelos nossos direitos. Nossa luta, aqui, é para viver”, ressaltou o professor indígena.

Edmilson Rodrigues em audiência com indígenas no MPF 1

O deputado estadual Edmilson Rodrigues foi reverenciado por várias lideranças pelo seu engajamento na luta dos indígenas e, em seu pronunciamento, pediu sensibilidade dos gestores da Sesai, no sentido de dar uma resposta positiva às reivindicações dos povos ali representados. “Eu proponho que a gente crie, aqui, um clima de tranquilidade para que se possa encaminhar soluções para os diversos problemas que estão sendo apontados pelos indígenas”, destacou Edmilson, ressaltando que esteve no início deste ano, visitando quatro aldeias tembés do Alto Rio Guamá e que pôde constatar a situação de abandono em que aquelas comunidades vivem. “Registramos em fotos, os postos de saúde das aldeias totalmente abandonados e que já viraram viveiros de morcegos, além de diversos outros problemas, como falta de medicamentos e até de alojamentos para os profissionais da saúde que cumprem plantões naquelas áreas. Por isso, sei que o problema é grave e que é preciso sensibilidade e compromisso para resolver”, disse o deputado,

Edmilson propôs que Fernando Rocha, que veio de Brasília a Belém representando o secretário titular da Secretaria Especial de Povos indígenas, Antonio Alves, a diretora do distrito Guamá-Tocantins e os representantes do MPF reunissem em separado e pensassem uma proposta para fazer aos indígenas.

Antes dos indígenas desocuparem o auditório para que os gestores reunissem, Edmilson destacou que a falta de respeito aos direitos indígenas está visível nas políticas e práticas do governo brasileiro, que adotou um modelo desenvolvimentista que não respeita os povos tradicionais e seus territórios. A falta de diálogo com índios já é prática recorrente do governo federal que, inclusive, está implantando a usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, sem fazer a oitiva dos indígenas, que serão duramente afetados em suas terras e cultura, com a implantação de mais uma usina hidrelétrica na região.

Todos os índios presentes saíram do auditório para que o grupo reunisse e pensasse numa proposta para apresentar aos indígenas ali presentes. No entanto, cerca de meia hora depois, Danielle Cavalcante e Fernando Rocha saíram da sede do MPF, na rua Boaventura da Silva, sem falar com os indígenas. Puíra Tembé, da aldeia de Capitão Poço, destacou que o procurador da República acabou reunindo com eles e marcando uma nova reunião para a próxima quinta-feira, 2, às 10 horas, para tentar buscar uma solução. Até lá, os indígenas permanecerão acampados na sede da Funai, em Belém.

Edmilson Rodrigues em audiência com indígenas no MPF 2