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Edmilson Rodrigues palestra no I Congresso de Arquitetura e Urbanismo no Meio do Mundo

Foto: Facebook do I Congresso de Arquitetura e Urbanismo no Meio do Mundo
Foto: Facebook do I Congresso de Arquitetura e Urbanismo no Meio do Mundo

O arquiteto e professor Edmilson Rodrigues participou nesta sexta (18) do I Congresso de Arquitetura e Urbanismo no Meio do Mundo, na cidade de Macapá (AP), ao lado de grandes nomes como o professor Saint Clair da UFPA, do professor e pesquisador João Whitaker da USP, Eliane Superti da UNIFAP e Marcos Cereto da UFAM.

Organizado em parceria entre a Universidade Federal do Amapá, o Centro Superior do Amapá, Núcleo de Estudo de Estética do Úmido e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amapá, o evento pretendeu pensar a cidade amazônica na contemporaneidade, colocando a Amazônia no centro do debate pensando no desenvolvimento deste território, pois a política para a floresta passa diretamente pela política urbana e regional.

Confira o texto escrito pelo arquiteto e professor da Universidade Federal do Amapá, José Alberto Tostes em seu blog.

Entre os dias, 16 a 18 de setembro, foi realizado o evento do I Congresso de Arquitetura e Urbanismo, parceria entre a UNIFAP e o CEAP. Todo evento tem um propósito de motivar e estimular as pessoas para acreditarem que o amanhã poderá ser bem melhor, não é fácil para os acadêmicos assimilarem de uma hora para outra, profundas reflexões ditas neste encontro. Nestes tempos onde presenciamos todos os dias somente noticias ruins sobre corrupção e desvios de recursos públicos, além da grave crise ética e econômica do Brasil, participar deste momento para aprender, tirar dúvidas e muitas vezes, mudar o rumo e a rota de algumas histórias, é fundamental.

Na primeira palestra apresentada pelo professor Marcos Cereto da Universidade Federal do Amazonas, tratou do contexto e contribuição do arquiteto Severiano Mario Porto na região, principalmente em Manaus, a partir dos anos de 1962. Um dos pontos mais importantes da abordagem de Cereto, é sobre a perda dos vestígios e da memória arquitetônica da obra de Porto, ao longo das suas reflexões ficam evidentes enormes dificuldades para preservar o patrimônio edificado no Brasil. Porém, apresenta um contexto histórico, de como no passado houve preocupações com o uso e diversidade da madeira, evidenciadas em outras experiências interessantes onde têm a figura de Lúcio Costa, o exemplo bem expressivo.

Cereto afirma em suas convicções e na finalização do seu trabalho: “Nada vem do nada”, ao arquiteto, cabe o papel estar atento às pequenas inovações que o projeto exige peculiaridades pertinentes do uso e diversidade do lugar. Os ensinamentos estão presente nas pequenas coisas, ninguém irá reinventar a roda. Tive a oportunidade de estar na mesa de debate com Cereto, destaquei a importância do trabalho e a formação da memória sobre o trabalho de Severiano Mario Porto, e também de outro arquiteto amazonida, Milton Monte, durante anos, atuou em prol e uso da madeira integrada ao meio natural.

O professor Saint Clair da UFPA discorreu com propriedade sobre: Pensando a Cidade, a URBANIZAÇÃO E A URBANODIVERSIDADE na Amazônia, destaca aspectos importantes sobre urbana diversidade: diversas “amazônias”; diferentes tipos de cidades diversas e combinadas manifestações do urbano. As reflexões de Saint Clair são cruciais para entendermos, como se explica o contexto da região, e especialmente a necessidade para melhor avaliar as questões conceituais sobre a sociodiversidade da região.

Na palestra do professor e pesquisador João Whitaker da Universidade de São Paulo, apresenta um contexto político, econômico e social sobre princípios fundamentais que regem a democracia do e no espaço urbano. Os exemplos contidos nas áreas urbanas da cidade de São Paulo se reproduzem pelo Brasil afora evidenciando a enorme dificuldade em rompermos as indiferenças contidas nas questões intraurbanas no Brasil, apesar dos avanços da legislação como o Estatuto da Cidade, não fechamos esta porta, e logo se aprova o Estatuto das Metrópoles, certo ou não, vivemos com incertezas de cidades com espaços segregados dominados pelas elites, criando anomalias extremas no ambiente urbano. Whitaker também destaca a postura dos arquitetos e urbanistas e os meios de reprodução de uma ideia que só fragmenta a participação destes profissionais dentro de uma visão mais sistêmica, que envolva aspectos políticos, sociais e econômicos, não dá para pensar o projeto com algo isolado e inerte.

As reflexões de João Whitaker perpassam pela lógica capitalista, que cria no “corpo” das cidades um conjunto de individualidades extremas, onde cada vez mais, são espaços de condomínios que só reforçam a cidade muralhada, isolam as relações, eleva o veículo como a principal prioridade das políticas fragmentadas. Como romper esta lógica, será o grande desafio de todos para o futuro. De acordo com João Whitaker, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo pode ser um agente que pode atuar mais intensivamente nas causas estruturais dos problemas urbanos no Brasil.

Na palestra de Edmilson Rodrigues, arquiteto e urbanista, deputado federal e ex-prefeito por oito anos da cidade de Belém, está o debate público do acesso aos bens serviços, no desiquilíbrio evidenciado nas questões dos indicadores, na inercia para se lidar com as diversidades dos problemas, na conjunção de esforços que fazem os gestores para conseguirem minimamente atender as questões da governabilidade. Edmilson Rodrigues, é um hibrido, no bom sentido da palavra, vivenciou as experiências de ser o técnico, o gestor e agora o legislador, conhece as peculiaridades sobre as adversidades que movem a máquina pública, deixou claro, não adianta criar mais impostos para penalizar as classes mais pobres, seria preciso definir os impostos sobre as grandes fortunas, tão necessária para melhor equilibrar as imensas desigualdades existentes no País. Edmilson deixou nítido a sua defesa em favor do Estatuto das Metrópoles que define com maior clareza situações supostamente que estavam alheias no Estatuto da Cidade.

Na palestra final de Eliane Superti, define com clareza as questões de segurança nacional, principalmente aplicada a região amazônica, propósitos contidos em diversos planos, programas e projetos, no papel cumprem relevante objetivo, mas que estão muito diante de fatores que movem a ordem das políticas públicas consistentes, sérias e comprometidas. Os exemplos dados por Superti sobre o Laranjal do Jari e Oiapoque indica que a presença do Estado brasileiro, é muitas vezes confusa, contraditórios que só acentua um cenário cada vez mais excludente, quando se observa os resultados dos indicadores sociais, políticos e econômicos. Para Superti, somente o emponderamento social será capaz de mudar, alterar um cenário tão perverso como é o caso das cidades apresentadas.

Portanto, as ideias, reflexões e assuntos discutidos neste evento vão além somente do proposito de que mais um evento foi realizado, permitiu rever pensamentos, concepções, propor ações e estratégias que podem ocasionar pequenas mudanças, cruciais nas mentes de acadêmicos, professores e pesquisadores, pois, é preciso sim, envolvimento político, não há mais como tratar a formação acadêmica dos futuros profissionais apenas a exacerbação das questões técnicas em detrimento da inserção no cenário das cidades, não é possível mais pensar projetos de arquitetura alheios a realidade do espaço urbano.

Cada um precisa ser protagonista de sua história, eventos deste tipo, servem para este fundamento. Você que participou, tire suas próprias convicções, felicitações a todos que participaram, grupos de pesquisa da UNIFAP, os acadêmicos de iniciação científica, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo no esclarecimento da importância do bom papel profissional arquiteto e urbanista e da instituição UNIFAP em conjunto com o CEAP na realização do evento. E aos pensadores locais, vários presentes no evento, a sempre permanente vigilância na atuação em defesa do desenvolvimento do Amapá e da Amazônia. O Encontro deixou muitas inquietações e múltiplas ideias para avançarmos em outras direções…