Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Senhoras Deputadas,
Na madrugada da última segunda-feira, 19, o povo brasileiro perdeu um de seus melhores filhos: Washington Costa, professor, sindicalista e lutador social faleceu após uma corajosa luta contra um câncer. Aos 57 anos, Washington era professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca. CEFET-RJ, graduado em engenharia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com mestrado e em fase de conclusão de seu doutorado, tendo começado sua militância como operário metalúrgico ainda na década de 70.
Quem teve o privilégio de participar da luta contra a ditadura militar, associará o nome de Washington à organização da classe operária, em particular da categoria metalúrgica. Foi na condição de operário e militante de uma organização clandestina que combateu a ditadura militar, a Ala Vermelha do PCdoB, que Washington desempenhou um papel fundamental na organização do operariado que, em 1987 conduziu à vitória, após décadas, de uma chapa de oposição ao peleguismo no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro.
Foi sob seu comando que os metalúrgicos cariocas lideraram poderosas greves contra o patronato, integrando um amplo movimento que tinha no ABC paulista o núcleo mais ativo e que, naquele rico período de crescimento das lutas sociais, conduziu à criação do Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores. Foi fundador e presidente da CUT no Rio de Janeiro. Atualmente participava ativamente das lutas dos educadores e estava filiado ao PSOL.
Militei com Washington durante muitos anos e tive a honra de junto a ele participar de jornadas históricas da organização das classes trabalhadoras e da emergência do protagonismo popular nos estertores do regime de 64. Integramos as trincheiras do Movimento Comunista Revolucionário (MCR) e, depois, por longos anos a Força Socialista (FS), corrente do Partido dos Trabalhadores. Por isso, posso testemunhar com emoção a generosidade e a abnegação deste homem que soube conjugar firmeza e sensibilidade em sua caminhada de legítimo intelectual orgânico das classes trabalhadoras em nosso país.
Sem dúvida a partida prematura de Washington representa uma perda inestimável. Como escreveu o jornalista e cineasta Luiz Arnaldo Campos, contemporâneo de Washington em tantas lutas, a morte desse companheiro exemplar nos deixa mais pobres, mas, ao mesmo tempo, nos impulsiona a manter vivo o seu legado. Faço minhas suas palavras de despedida: “Dos filhos queridos do povo, Washington era um dos primeiros. Mao escreveu que a morte de um revolucionário pesa mais que uma montanha. A de Washington pesa mais que um continente inteiro. Por sua memória, sigamos em frente”.
Neste sentido, nos termos regimentais, REQUEIRO votos de pesar pelo falecimento do professor, sindicalista e lutador social Washington Costa, um legítimo exemplo de brasileiro que soube honrar seu compromisso com a luta por um mundo livre de todas as formas de opressão e exploração. Que o inteiro teor deste Requerimento seja dado conhecimento à família de Washington Costa e à bancada do PSOL no Congresso Nacional.
Palácio da Cabanagem, 21 de maio de 2014.
Deputado Edmilson Rodrigues
Líder do PSOL
