Edmilson Rodrigues (PSOL/PA) faz parte do pequeno grupo que defende abertamente a pauta indígena na Câmara dos Deputados. Mas é provável que seja o único que se reconheça como tal. Nesta semana, foram realizadas diversas atividades com cerca de 1,5 mil lideranças de 200 etnias para celebrar o Abril Indígena em Brasília. Edmilson participou de todas elas e, em todos ambientes, reforçou sua origem. “Sou tembé-tenetehara”, dizia onde chegava. Criticava, ainda, que as origens estrangeiras sejam valorizadas em nossa sociedade, mas que não haja respeito a quem se identifica como indígena.
Em homenagem ao Dia Nacional do Índio foi realizada uma Sessão Solene no plenário Ulysses Guimarães nesta quinta-feira (16/4). Vice-presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, o deputado Edmilson disse que aquele momento do plenário tomado pelos índios expressava, no tupi, uma Tabaporanga. “Uma aldeia muito bonita. Dificilmente essa casa dificilmente vai presenciar uma festa com tanta beleza e diversidade étnica e cultural”, disse observando o plenário colorido.
Na ocasião, ele criticou os parlamentares que defendem a PEC 215, que transfere do poder executivo para o legislativo a atribuição da demarcação das terras indígenas, e é assunto de Comissão Especial, da qual Edmilson faz parte. “Eles não conseguirão impedir as lutas de resistência e as lutas em favor de conquistas”, disse o deputado que acredita que somente com a mobilização popular a proposta será barrada.
Ele destacou, ainda, que os povos são dizimados desde a colonização do Brasil e que esta violência se traduz em assassinatos patrocinados pela ganância, em tomadas decisões dos poderosos e na degradação feita pelos meios de comunicação. “Provocam o genocídio por outros meios. Eles defendem uma democracia, desde que seja para os brancos e ricos”, declarou.
Indígenas puderam, diferentemente do que está acontecendo nos últimos tempos, entrar nas dependências da Câmara – apesar de sempre acompanhados pelos olhos da Polícia Legislativa.
Esta questão foi citada pelo cacique Raoni, líder da etnia Kayapó. “Antes, a gente tinha acesso aqui. Hoje esta Casa não está mais aberta”, disse. Ele criticou a PEC. “Aqui moravam os nossos ancestrais. Essa terra era dos nossos ancestrais. O Brasil foi invadido, e os brancos chegaram aqui acabando com nossas riquezas, estão matando todos os animais e estão acabando com nossa terra”, protestou.
A índia Sônia Guajajara, representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, que organiza o Abril Indígena, disse que a PEC 215 é uma ameaça “grave e letal” contra os índios. Segundo ela, a proposta significa “a morte dos povos indígenas do Brasil”. Ela criticou a aprovação do projeto da biodiversidade e do patrimônio genético (PL 7735/2014), que foi negociada às escondidas com empresas farmacêuticas e de cosméticos e sem a participação dos índios.
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