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Insânia, fanatismo, agiotagem ou tudo junto e misturado

Por Artur Araújo*

Matéria do jornal Folha de São Paulo deste terça-feira (14.05).
Matéria do jornal Folha de São Paulo deste terça-feira (14.05).

Ler que o PIB vai diminuir e que, por conta disso, os austericidas vão cortar ainda mais o gasto público evoca uma coleção cansada de metáforas.

São os loucos de Einstein, que cometem infinitamente os mesmos erros crendo que “dessa vez o resultado vai ser outro”. Estado que “não gasta” é Estado que vai ficar sem arrecadar imposto, porque retira demanda, reduz o PIB e não tem de quem cobrar imposto. Sem arrecadar, corta orçamento e realimenta circularmente o processo, na insana esperança de que mais do mesmo resulte em diferente.

Ou são os praticantes de um culto fanático, para o qual as evidências empíricas não têm importância ou incidência algumas. Os manuais bíblicos de macroeconomia vodu-de-branco dizem que assim deve ser feito; eles lêem, recitam os encantamentos até à autohipnose e põem em prática a liturgia da destruição de produção, empregos, salários e consumo.

A terceira imagem é dos shylocks de circo mambembe. Para garantir recursos de cobertura do pagamento dos juros mais escorchantes entre todos os países, passam a faca nos serviços públicos, na conservação e expansão da infraestrutura do país e nos programas de redistribuição de renda e de atendimento social à população.

Este último ingrediente é decisivo, porque é concretização do interesse material real da ínfima minoria que vive de agiotagem.
Ironicamente, o caminho religioso e oligofrênico que os liberais adotam, para atingir esse objetivo antissocial e demagógico, comprovadamente gera efeito exatamente oposto ao pretendido.

Cortam gasto do Estado, levam a economia à paradeira, colapsam a arrecadação tributária, reduzem a capacidade de pagamento do serviço da dívida pública e têm que começar tudo de novo.
Pelo caminho por que transita esse Moloch austericida ficam as famílias pauperizadas, as ruínas das empresas falidas, um Estado incapacitado e uma Nação sangrando em vida.

Chega disso! Chegou a hora de empacotar agiotas, xamãs e doidos em embrulho bem amarradinho e remetê-los via FedEx para Miami, seu habitat natural.

*Artur Araújo é ex-diretor da Embratur e consultor da Federação Nacional dos Engenheiros