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Solidariedade aos que protestam por direitos nas regiões do Xingu e Carajás

Edmilson Rodrigues deputado federal Foto Gustavo Lima Camara dos Deputados (24)
Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Senhor Presidente,
Senhoras Deputadas,
Senhores Deputados:

Os dois maiores símbolos da imposição do grande capital sobre a soberania popular tiveram os acessos bloqueados por movimentos sociais, esta semana. Desde ontem segunda-feira, 18, 150 pescadores e ribeirinhos cercam a sede da Norte Energia, responsável pela construção de Belo Monte, e 650 agricultores ligados à Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Fetraf) bloqueiam a Rodovia Transamazônica e os acessos aos canteiros de obras da usina, na mesma região do Xingu. Enquanto isso, 3 mil agricultores ligados bloqueiam a Estrada de Ferro Carajás, por onde a Vale escoa o minério de ferro extraído em Carajás. A interdição ocorre na altura do município de Marabá, no Sudeste Paraense.

Os manifestantes reivindicam uma série de direitos. No Xingu, os pescadores usam 700 metros de rede pra impedir o acesso de funcionários à empresa. Eles cobram a retomada da negociação sobre indenizações a centenas de famílias que perderam a principal atividade econômica com a construção da hidrelétrica. Além disso, os pescadores reclamam que a Norte Energia quer a retirada de canoas do rio no prazo de 20 dias para construir um cais.

Na Transamazônica, o Movimento Pela Garantia dos Direitos das Populações da Transamazônica e Xingu apresenta uma pauta bastante extensa de reivindicações. Os protestos começaram no domingo, 17, na entrada do km 27 e nesta ontem tomaram proporções maiores. Uma reunião com representantes do governo, da Norte Energia e do Consórcio Construtor Belo Monte está sendo esperada.

É necessário reconhecer e compensar os impactos sociais, econômicos e ambientais que esse polêmico empreendimento tem imposto ao povo do estado do Pará.

Já na altura do Km 7 da Estrada de Ferro Carajás, os agricultores reivindicam o aumento do recurso no orçamento para a reforma agrária no Pará, que sofreu corte de 50%. Eles cobram também melhorias de infraestrutura aos assentamentos da região, que têm inviabilizado a produção, a comercialização e o trânsito entre os assentamentos e os centros urbanos. Ônibus e vans chegam ao local trazendo mais agricultores de localidades próximas a fim de engrossar o movimento na Estrada de Ferro, cujo bloqueio reflete diretamente nas exportações realizadas pelo Porto de Itaqui, no Maranhão, daquele que é o principal produto da balança comercial brasileira. Dirigentes da Vale foram até o local, mas os trabalhadores afirmaram que só suspenderão o movimento quando comparecer uma autoridade da reforma agrária para negociação, o que ainda não ocorreu.

Esse agravamento da crise social no Pará revela que a multidão inquieta se coloca em movimento, questionando de forma veemente o modelo de concentração de riqueza que só beneficia uma minoria tão próspera quanto arrogante.

Registro, portanto, minha total solidariedade aos pescadores e pequenos agricultores do Pará, apelando para que as autoridades adotem de imediato uma postura de negociação com esses legítimos movimentos sociais.

Edmilson Rodrigues
Deputado Federal PSOL/PA