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CPI da Funai ouve primeiros depoentes sob clima de constrangimento e autoritarismo

Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A CPI da Funai recebeu, nesta terça-feira (1/12), três depoentes, entre convidados e convocada. A primeira a falar, sob clima de constrangimento, foi a antropóloga e professora Dra. Flávia Cristina de Melo. Ela foi contratada pela Funai para fazer relatório antropológico da demarcação de Mato Preto/RS. A sua convocação e não convite já havia sido questionada pelo deputado Edmilson Rodrigues (PSOL/PA).

Apesar do bom desenvolvimento da antropóloga durante a reunião da CPI, ela foi constrangida pela bancada ruralista com questionamentos de ordem pessoal. Por exemplo, se ela tinha relações com o cacique. Ou questionando a legitimidade de seu contrato com a Unesco. Contudo, quando o professor da UFRS Aldomar Rückert (quem emitiu o contra-laudo elaborado por ela) esteve como depoente, a bancada indigenista não foi desrespeitosa.

“Perdoai os que não sabem o que dizem. É emocionante estar diante de uma jovem que domina uma língua ancestral e que tem currículo acadêmico de altíssimo nível. As pessoas não sabem o que é uma tese de doutorado. Acham que podem rasga-la”, afirmou Edmilson se referindo ao constrangimento desonesto utilizado pela bancada ruralista. “Há pelo menos cinco depoentes com estágio de pós-doutorado, que têm obras de altíssimo nível. Há muita ideologia nos requerimentos”, questionou indicando a falta de respeito dos parlamentares que querem deslegitimar esse trabalho.

Autoritarismo

O autoritarismo do deputado Alceu Moreira (PMDB/RS), presidente da CPI, tem sido flagrante nas reuniões da comissão. O deputado utiliza deliberadamente de dois pesos e duas medidas para lidar com as bancadas ruralista e indigenista e, consequentemente, com os depoentes que interessam a cada.

Nesta terça-feira, o deputado tentou impedir Edmilson de se utilizar do tempo de liderança para continuar sua fala. “Já deixei você falar depois que voltou à sala, não vai poder falar agora”, afirmou o presidente se referindo ao pedido, então concedido, que Edmilson fez ao presidente: dar uma entrevista e depois voltar à sala e utilizar seu tempo de fala. “Isso é regimental, não é de sua vontade. Respeito é bom e eu gosto”, finalizou Edmilson. Moreira se comportou da mesma forma com outros parlamentares críticos à CPI, como Janete Capiberibe (PSB/AP).