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Cresce número de óbitos por HIV aids no Pará

O Ministério da Saúde indica que o número de óbitos por HIV aids em Belém, atualmente, é duas vezes maior que a taxa brasileira, que é de 6,31 por 100.000 habitantes. De janeiro até junho de 2012, Belém teve uma taxa de 13,71 casos por 100.000 habitantes (BRASIL, 2012a).

Observando a taxa de mortalidade nota-se o nítido crescimento da epidemia de HIV aids no Pará, desde seu início em 1982 e, com isso, a vulnerabilidade do sistema de assistência à saúde em todo o Estado. No período de 1980 a 2010, ocorreram 8.154 óbitos tendo como causa básica a aids, na Região Norte, sendo a maioria no Estado do Pará (4.186 óbitos; 51,3%), no Amazonas (2.117; 26%), e em Rondônia (820; 10,1%).

No ano de 2010, ocorreram 923 óbitos na Região Norte, sendo 480 (52,0%) no Pará, 277 (30,0%) no Amazonas, 71 (7,7%) em Rondônia, 37 (4,0%) no Tocantins, 32 (3,5%) em Roraima, 14 (1,5%) no Acre e 12 (1,3%) no Amapá. (BRASIL, 2012b, p. 29).

Segundo informações do DAME – HUJBB, a taxa de óbitos por aids em mulheres aumentou desde 2010, quando foi de aproximadamente de 22,34% do total de óbitos, para 28,12% em 2011, atingindo 31,74% apenas no primeiro semestre de 2012.

Considerando que a reforma do espaço físico do hospital obrigou à redução do números de leitos para pacientes com HIV aids de 30 para 20 isso indica:

• Há mais mulheres sendo internadas em estado grave com aids no hospital;
• Diagnóstico tardio de HIV-aids em mulheres;
• Feminização da epidemia;
• Vulnerabilidade do programa de aids em Belém;

Com relação aos homens, de acordo com os dados fornecidos pelo DAME-HUJBB, a taxa de óbitos por aids, que em 2010, foi de 77/65% caiu levemente para 71,87% em 2011, atingindo o valor alarmante de 46,51%, só no primeiro semestre de 2012.

Considerando que o hospital HUJBB é referência regional no atendimento de pacientes com aids, e que vários casos tem o diagnóstico definido apenas na internação hospitalar, constata-se que a rede básica de saúde do município de Belém não é eficiente na detecção precoce do HIV. O diagnóstico tardio é uma realidade em Belém. No Hospital Barros Barreto de cada três altas de aids uma delas é por óbito, nos três últimos anos.

O diagnóstico tardio compromete severamente o tratamento do paciente já que é admitido no hospital com um quadro clínico gravíssimo. Muitas vezes o usuário descobre não apenas uma doença oportunista grave, mas a sua própria condição de soropositivo já no hospital. No Hospital Barros Barreto de cada três altas de aids uma delas é por óbito, nos três últimos anos.

Considerando que 42% das mulheres e 25% de homens investigados, no período de 2010 ao 1° semestre de 2012, procedem do interior do Estado, isso indica a deficiência de diagnóstico de HIV no interior do Estado do Pará.

O Estado, que possui 144 municípios, registra apenas 57 CTA’s, sendo 7 na região metropolitana e 50 para atender aos demais municípios paraenses, significando que 2/3 do Estados estão sem cobertura para o diagnóstico de HIV-Aids.

No período de 1998 a 2010, pode-se observar um aumento na taxa de incidência de aids na Região Norte, passando de 6,1/100.000 habitantes em 1998 para 20,6 em 2010, o que corresponde a um crescimento de 237,7%.

No Pará, em 2010, a taxa de incidência de Aids, aumentou para 19,5; ultrapassando a média nacional (17,9) (BRASIL, 2012, p. 27).

Belém (41,3) é a 3° capital em incidência de casos de Aids na Região Norte. E nos municípios com mais de 50 mil habitantes, destacam-se:

• Paragominas/PA (54,2)
• Benevides/PA (40,7),
• Redenção/PA (35,7),
• Marituba/PA (32,3),
• Ananindeua/PA (27,5)
• Bragança/PA (27,4)

LEITOS

O Pará tem um hospital de referência para HIV aids, o Hospital Universitário João de Barros Barreto, do SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, que dispõe de um total de 30 leitos para a síndrome. Em Belém mais quatro hospitais públicos oferecem leitos do SUS para HIV aids, são eles: Hospital de Clínicas (4 leitos), Fundação Santa Casa (4 leitos), Hospital Dom Luis – Beneficência Portuguesa (2 leitos), Hospital da Ordem Terceira ( 2 Leitos) totalizando 42 leitos de HIV aids para a capital do Estado, Belém, para onde se dirigem a maioria de usuários.

Apenas dois hospitais privados destinam leitos para HIV aids, são eles: Hospital Porto Dias (2 leitos) e Hospital Adventista de Belém (3 Leitos) (DATASUS, 2010).

No interior do Estado estão 26 leitos disponíveis para o SUS, em diferentes hospitais nas seguintes cidades: Alenquer, Altamira, Ananindeua, Aurora do Pará, Barcarena, Bragança, Castanhal, Marabá, Marituba, Redenção, Santarém, Tucurui.
Então todo o SUS no Estado do Pará dispõe, em dados oficiais, de 68 leitos, sendo 42 na capital e 26 no interior (DATASUS, 2010).

Considerando, portanto, que só existem 68 leitos hospitalares para pacientes HIV em todo o Estado, que tem uma população de 7.065.573 habitantes pode-se dimensionar a extensão da tragédia e compreender porque Aids ainda significa morte na mentalidade dos paraenses.

REFERÊNCIAS
BRASIL,(2012a) MINISTÉRIO DA SAÚDE, (capturado em 15/01/2013) http://www.aids.gov.br/pagina/2010/36374.

BRASIL, (2010), DATASUS, MINISTÉRIO DA SAÚDE, (capturado em 22/06/2012) http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php

BRASIL, (2012b) Boletim Epidemiológico AIDS-2011, http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2011/50652/boletim_aids_2011_final_m_pdf_26659.pdf)