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Edmilson fala sobre os desafios da Geografia no Pará

Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), o deputado estadual Edmilson Rodrigues defendeu nesta terça-feira, 28, que os geógrafos paraenses têm como um de seus principais desafios produzir conhecimento científico sobre a ocupação territorial na Amazônia. A defesa foi feita durante uma palestra proferida por ele no 14º Encontro Paraense de Geografia, que reuniu estudantes de graduação e pós-graduação, professores e pesquisadores da região. A palestra foi realizada no auditório do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (UFPA). “Através da pesquisa, do pensar e da produção de conhecimento científico, os geógrafos paraenses podem contribuir com reflexões importantes para a construção de uma sociedade cuja ocupação territorial não tenha como objetivo a exploração do homem, mas a construção de uma sociedade mais solidária, justa e feliz”, destacou Edmilson.

Edmilson Rodrigues no encontro paraense de geografos (2)

De acordo com o deputado e pesquisador, o campo do conhecimento em Geografia tem natureza interdisciplinar e transdisciplinar, pois há um diálogo dessa ciência com outras áreas do conhecimento, como a sociologia e a economia. No entanto, os geógrafos não podem perder de vista que precisam se perceber em um lugar de fala e de construção de saber científico, no qual o objeto de estudo é o espaço geográfico e suas formas de uso. Ao citar vários pensadores clássicos, como Karl Marx, Jean Paul Sartre e Florestan Fernandes, o deputado psolista fez referência por diversas vezes ao geógrafo Milton Santos, referencial teórico principal de sua tese de doutorado e que reflete sobre a ocupação do território. “Aqui na Amazônia, o capital financeiro internacional tem determinado um processo de ocupação territorial que objetiva a ‘docilização’ do território, ou seja, uma estratégia para possibilitar a exploração do espaço geográfico da região, em detrimento dos impactos socio-espaciais e ambientais”, ressaltou Edmilson, fazendo referência à usina hidrelétrica de Belo Monte como um exemplo claro desse processo.

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No entanto, Edmilson também ressaltou em sua palestra que há formas e estratégias de resistência no espaço geográfico, como é o caso dos índios munduruku, que já ocuparam várias vezes o canteiro de obras de Belo Monte, para protestar e pressionar o governo federal para realizar as audiências públicas de consulta aos povos tradicionais sobre a obra. Segundo o professor, a ocupação territorial reflete diretamente na forma de organização e de vida do povo. No caso de Belo Monte, o curso do rio Xingu será alterado, várias áreas serão alagadas, a produção de peixes sofrerá abalos, enfim, há uma série de reflexos nessa intervenção territorial. “Estamos em uma região com vários grandes projetos sendo implantados a todo momento. Segundo informações do Ministério Público Federal (MPF) um total de 153 hidrelétricas estão previstas para serem construídas na área da Pan-Amazônia, o que demonstra que haverá uma grande mudança no espaço geográfico dessa região. E essas questões todas merecem o olhar e a atenção dos geógrafos paraenses, que precisam se preocupar, sobretudo, em analisar o homem que ocupa esse território em sua totalidade e diversidade”, concluiu o deputado, que deixou várias indicações de leituras para os estudantes que assistiram a sua palestra.