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Em palestra para Diplomados da Escola Superior de Guerra, Edmilson critica atual modelo de desenvolvimento para a Amazônia

Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), o deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOL) fez críticas ao atual modelo de desenvolvimento que vem sendo executado na Amazônia. De acordo com Edmilson, historicamente, o governo brasileiro tem implementado grandes projetos e ações na região que atendem aos interesses externos e que não respeitam a biodiversidade e muito menos os povos indígenas e tradicionais que nela vivem. “É preciso que seja feito um planejamento de desenvolvimento para a Amazônia, que seja pensado por cientistas e pesquisadores, sobretudo da região, e que respeite as diferenças e os povos locais”, defendeu o deputado, que em 2010 defendeu a tese, que resultou na publicação do livro Território e Soberania na Globalização – Amazônia, Jardim de Águas Sedento. A análise foi feita durante palestra proferida na última terça-feira, 1, para alunos e profissionais da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), no Primeiro Comando Aéreo Regional (I Comar)

Edmilson Rodrigues em palestra na Escola Superior de Guerra (1)

Na ocasião, Edmilson destacou o período técnico-científico-informacional em que vivemos, e que também é chamado de globalização, no qual as grandes corporações internacionais têm ampliado cada vez mais seu interesse na exploração da região amazônica. No entanto, segundo analisa o pesquisador, algumas áreas do território brasileiro precisam ser vistos como estratégicas e precisam ser protegidas para garantir a soberania do país. “Historicamente, a Amazônia cumpriu o papel de fornecedora de recursos, como se fosse uma espécie de almoxarifado do país, ignorando o povo e as peculiaridades da região”, avaliou, ao fazer um resgate histórico da ocupação territorial e dos grandes projetos desenvolvidos pelo governo brasileiro na região.

Na palestra, que teve como tema “Política pública regional”, Edmilson destacou alguns pontos que, segundo ele, são passíveis de crítica no que diz respeito ao modelo de desenvolvimento da Amazônia e país. Um deles é a escolha e fomento de políticas voltadas para o modelo rodoviário de transporte, muito intensificado a partir do governo de Juscelino Kubitschek. O Brasil não investe em malha ferroviária e muito menos em tecnologias para o uso de hidrovias. O deputado, que tem participado ativamente das discussões parlamentares com empresários que defendem a implementação de hidrovias na região, destacou que estão sendo planejadas ações políticas para pressionar o governo federal a licitar e executar os projetos hidroviários que já existem há muitos anos e que nunca foram executados. Uma das ações será a ida de uma comissão à Brasília, ainda nesse mês, para discutir o assunto com a equipe ministerial do governo federal.

Ao longo da palestra, Edmilson destacou as muitas riquezas naturais e ao grande potencial da região para garantir o desenvolvimento do país e, consequentemente, do povo brasileiro. No entanto, o deputado – e também pesquisador – ressaltou que essas potencialidades precisam ser pensadas não para favorecer interesses externos, de grandes corporações, mas para melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram na Amazônia. Há, segundo Edmilson, uma grande contradição entre a riqueza e potencial da região e a qualidade de vida da sua população, que ainda é marcada por indicadores econômicos e sociais bastante preocupantes e que apontam para um nível de miséria e exclusão social muito grande. “É preciso que o Brasil desenvolva um planejamento para pensar a Amazônia para o futuro. Mas é preciso que esse planejamento seja feito por pesquisadores e estrategistas da região, e não de fora dela, ou mesmo de fora do país, e que não conhecem e desconsideram as diferenças regionais brasileiras e seu povo”, concluiu Edmilson, que foi bastante aplaudido pelos presentes.

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