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Solidariedade às mobilizações sociais em luta por direitos

O cenário político brasileiro, nos últimos dias, sofreu uma profunda mudança de qualidade com a realização de massivas manifestações populares, a começar pela mobilização da juventude em São Paulo e em outras capitais do sul e do sudeste, mas que rapidamente se espalharam por todo o país. São as maiores manifestações públicas desde o “Fora, Collor”, acontecido há mais de 20 anos.

Esse processo teve seu estopim na revolta diante do aumento da tarifa do transporte público na capital paulista, mas foi ganhando amplitude e profundidade até se tornar um protesto difuso contra a situação de desigualdade social e de sucateamento dos serviços públicos no Brasil, demonstrando força e radicalidade próprias daqueles momentos em que o povo reconhece a si próprio como agente fundamental das verdadeiras mudanças.

Por isso, é preciso aplaudir com entusiasmo a jornada de lutas que se expande pelo país neste exato momento. Sob o lema “não é por centavos, é por direitos”, centenas de milhares de pessoas – na sua maioria jovens na altura dos 20 anos – ocuparam ruas e praças, colocando em xeque os limites de um processo de democracia que ao longo das últimas décadas não tem sido capaz de atacar as raízes mais profundas da vergonhosa fratura social que marca a sociedade brasileira.

Essas mobilizações que se fortaleceram a partir da segunda-feira, 17, quando pelo menos 250 mil pessoas foram às ruas em 12 capitais, tiveram como elemento propulsor o repúdio à brutal repressão policial que se abateu sobre os manifestantes durante os atos realizados na semana anterior, principalmente em São Paulo, onde foram registradas cenas ultrajantes de violência contra jovens e profissionais da imprensa. Acusados de “baderneiros” e “vândalos”, os manifestantes foram cassados e brutalizados à vista de todos. Estava construído o contexto capaz de, contraditoriamente ao intento dos governantes, conferir uma força ainda maior ao movimento de protesto.

Em Belém, na mesma segunda-feira, tive a honra de participar da gigantesca passeata, estimada em números que variam entre 10 e 20 mil participantes, que tomou a Avenida Almirante Barroso em um cortejo marcado pela incorporação de jovens à luta social emergente. Foi um ato simbólico importante, não apenas pelas bandeiras que levanta por melhores condições no transporte público, solução ao problema do malfadado BRT e redução de tarifa, além de melhorias na saúde e educação, mas, sobretudo, por demonstrar que a população de nossa capital, fiel às suas tradições de combatividade, não ficará alheia a esta verdadeira Primavera de mobilização cidadã que cresce e se generaliza em todos os cantos do país.

Foi apenas o primeiro e importante passo de um processo cujo futuro está aberto a múltiplas possibilidades, devendo receber profunda a atenção por parte desta Assembleia Legislativa.

Tendo em conta o exposto, nos termos regimentais, REQUEIRO votos de solidariedade às amplas mobilizações sociais que ocupam as ruas na luta amplos direitos, num claro sinal de que o povo brasileiro começa a despertar para seu papel de protagonista no sentido de conquistar mudanças sociais tão almejadas.

Palácio Cabanagem, 19 de junho de 2013.

Deputado EDMILSON RODRIGUES
Líder do PSOL