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Índios pedem socorro contra hidrelétricas

“O governo Dilma aceita tudo o que está acontecendo com os indígenas. A hidrelétrica não vai fazer bem pra gente, vai inundar a nossa terra. Estou emocionado, triste. Edmilson (deputado Edmilson Rodrigues), faça alguma coisa pelos índios do Pará junto ao Senado.” O apelo foi feito pelo líder do povo Munduruku, de Itaituba, no Oeste do Estado, Emílio Munduruku, durante a sessão especial da Assembleia Legislativa do Estado realizada a pedido de Edmilson, nesta quinta-feira, 18, véspera do Dia do Índio. Operários do Consórcio Construtor Belo Monte e a comunidade impactada pela construção da hidrelétrica, na região do Xingu, também compareceram ao evento.

Na sessão, que reuniu também lideranças dos Tembé Tenehara e dos Juruna, constatou-se que o principal temor dos índios da Amazônia são os grandes empreendimentos que invadem os territórios indígenas com o aval do governo federal e sem ouvir as populações indígenas e as tradicionais, expulsando-os de suas terras com a construção de barragens e causando impactos ambientais prejudicando os meios de sobrevivência e até as tradições.

“Não podemos aceitar que só caiba aos indígenas o direito ao desaparecimento. Estamos discutindo o direito à civilização, o direito dos índios sobre as suas terras. Os recursos hídricos não devem ser pensados apenas como mercadorias”, destacou Edmilson, criticando a violência impetrada contra os índios. “Estamos defendendo a nossa casa. Estamos enfrentando grandes interesses econômicos, mas não vamos desistir”, completou a liderança Valdeci Tembé. Foi ele que, em 1º de dezembro do ano passado, passou dois dias desaparecido na floresta da Terra Indígena Alto Rio Guamá, em Paragominas, no Nordeste Paraense, após o atentado promovido por pistoleiros que impediram a retirada de madeira apreendida pelo Ibama na área. A terra dos Tembé é alvo da ação de grileiros e de madeireiros ilegais.

Edmilson Rodrigues em audiencia com índios

Os Munduruku também vem sofrendo violência dentro da terra indígena.
Há seis dias, o Tribunal Regional Federal (TRF1) mandou suspender a Operação Tapajós, da União. Há um mês, cerca de 230 agentes federais de Segurança Pública ocupavam o território Munduruku para que pesquisadores analisassem a viabilidade de construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Porém, a força federal ainda permanece na área. No ano passado, um índio dessa etnia foi morto e outros quatro foram pesos pela Polícia Federal, na aldeia Teles-Pires, numa ação de combate à extração ilegal de ouro.

O procurador da República Felício Pontes Júnior, afirmou que o governo federal planeja construir 153 hidrelétricas na Amazônia, sendo pelo menos 11 no Pará. Somente no Rio Tapajós serão 12 usinas, a metade em solo paraense, que inundará terras indígenas e florestas e parques de proteção legal. “Serão alagadas 32 comunidades, 2 mil km2 de áreas protegidas vão sumir, haverá perda de exemplares da flora e da fauna, quebra do equilíbrio ecológico e interrupção da navegação, sem falar nos danos sociais. Será destruído o Salto das Sete Quedas, um lugar sagrado para os Muduruku, Apiaká e Caiabi, onde mora a ‘Mãe dos Peixes’, um local de reprodução das espécies aquáticas das quais se alimentam”, apontou Felício.

A sessão também discutiu problemas estruturantes, como a precariedade de estradas para o acesso às aldeias, o não fornecimento de energia elétrica e as más condições de atendimento público de saúde e educação, entre outros. O governo do Estado, a Eletronorte e a Celpa foram convidados para a sessão, mas não enviaram representantes. A sessão iniciou após o protesto de ativistas solidários à causa indígena, em frente à Assembleia. Em seguida, eles participaram do evento do Legislativo. Houve interrupção do fornecimento de energia elétrica antes do final da sessão e o evento foi finalizado na Praça Dom Pedro II, em frente à Alepa, com uma encenação dos ativistas sobre a morte de índios no Pará.

Também participaram da sessão, os deputados Alfredo Costa (PT) e Carlos Bordalo (PT), representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), Conselho Missionário Indigenista (Cimi), Movimento Xingu Vivo para Sempre, Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sintsep) e Comissão de Justiça e Paz da CNBB.