“Você acredita que a economia brasileira consolidará o processo de retomada do crescimento, em 2020?”
Nada indica que o Brasil esteja diante de um processo de retomada de crescimento, muito menos em 2020. Não existe alteração estrutural no quadro de emprego e renda. O PIB continua estacionado em -1% por trimestre, dificultando a recuperação na geração de empregos à altura das necessidades da população brasileira.
As últimas pesquisas do IBGE (PIM e PNAD-C) revelaram a semi-estagnação econômica com uma inconsistente recuperação no terceiro trimestre de 2019. A desocupação caiu levemente no país, de 12% para 11,8%, mas se manteve elevadíssima, com 12,5 milhões de desempregados, sendo 11,2% (437 mil) no Pará. Essas taxas são idênticas ao mesmo período de 2108, apontando a fragilização da indústria. O número de subocupados também declinou timidamente no Brasil, de 24,8% para 24% (27,4 milhões de pessoas) entre o segundo e o terceiro trimestre de 2019, em comportamento idêntico a 2018. Enquanto no Pará, a taxa de subutilização foi de 26,6% (1,14 milhão de trabalhadores).
Porém, em grande medida, as ocupações geradas nesse período são fruto de violenta precarização do trabalho, com jornadas exaustivas, inconstantes e mal remuneradas. A uberização ronda o mercado de trabalho brasileiro.
A política econômica do governo federal é sustentada pela brutal asfixia da renda do trabalho, com a introdução de mecanismos legais que aprofundam a precarização das condições laborais, aumentando a desigualdade social e a miséria. O Brasil é um país de enormes possibilidades, com extraordinárias riquezas minerais e de sociobiodiversidade, extensão territorial e vantagens climáticas, mas marcado pelo contraste de uma maioria populacional vivendo em situação degradante. Para alcançar um processo de desenvolvimento humano baseado na justiça social e no equilíbrio ecológico, precisamos derrotar esse projeto de destruição da soberania nacional implantado por Bolsonaro e Paulo Guedes. Sigo tendo esperança na mobilização da sociedade em favor de um Brasil efetivamente justo e igualitário.
Edmilson Rodrigues, professor, arquiteto, doutor em Geografia (USP), deputado federal (PSOL-PA)
