edmilsonPSOL

Cópia de image00034

Que tal comer dia sim, dia não?

O texto a seguir é do consultor Artur Araújo*, que comenta matéria da Folha de São Paulo mostrando que “dois anos após a reforma trabalhista, uma em cada dez novas vagas criadas é de trabalho intermitente, que não prevê jornada fixa. Para 2020, o governo espera um crescimento desse tipo de modalidade de trabalho”. A legalização da precarização, concomitante com o desmonte do Estado e de políticas públicas, deixa a população sem nenhuma proteção social. Confira o texto abaixo:

O higienicamente denominado “emprego intermitente” – que nada mais é do que a retomada de práticas de origem medieval, como a da “parede” de estivadores nos portos ou a contratação de garçons “morcegos” em alguma praça da cidade – já atinge 12% das novas vagas de trabalho formal abertas neste ano.

Foram 133 mil contratados sem jornada de trabalho determinada e sem salário fixo ou mínimo, mas que têm que estar totalmente disponíveis assim que chamados pelo patrão.

Como só raramente a “intermitência” excede 20 h/semana e, por óbvia consequência, o que o trabalhador recebe fica abaixo de metade do salário mensal típico da função, surge a “grande solução”: para não virar, nas horas vagas, vítima de agiota, aviãozinho do tráfico ou corretor de gatonet para milícias, o “intermitente de bem” abolirá o mau hábito de refeições diárias, adequando sua fome e sua dieta à intermitência do dinheiro no bolso.

Marchamos aceleradamente para nos tornarmos um país em que o liga-desliga passa a reger as vidas, que terão que ser vividas intermitentemente, dia sim, dia não.

*Administrador hoteleiro, consultor em gestão pública e privada e do Projeto Cresce Brasil, liderado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE)