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Sobre a aceleração inflacionária que penaliza a população brasileira

Ontem a imprensa nacional estampou a promessa da presidente da Petrobrás, Graça Foster, de que o combustível não terá mais alta de preço, este ano. Como se o produto já não tivesse tido elevação este ano: o litro da gasolina subiu 6,6% nas refinarias e o diesel 5,4%, no final de janeiro. Aliás, aumento esse que estragou a festa da redução da tarifa de energia para residências e indústrias, anunciada com pompa e circunstância pela presidente Dilma Rousseff, naquela ocasião.

Anteontem, na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que “a inflação está sob controle”, mas admitiu que o governo promoveu uma depreciação do Real, que elevou em até 0,5% o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA). Em março, a inflação foi 6,59% em 12 meses, ou seja, 0,9% acima da meta estabelecida pelo governo federal para o ano. Há sinais evidentes de descontrole inflacionário. O tomate, que triplicou de preço em relação ao ano passado, teve a peripécia estampada no jornal londrino Financial Times.

Ora, a população brasileira já sente no próprio bolso a aceleração inflacionária, que como todos sabem, opera como um instrumento de drenagem de renda dos mais pobres para as minorias abastadas deste país. É necessário perceber que entre os índices oficiais e a vida cotidiana está se gerando um fosso, e que a conta amarga, mais uma vez, pode ser paga pelos mais pobres.

No Pará, o impacto da inflação real tem sido assustador para os hábitos alimentares. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o açaí teve alta no primeiro trimestre do ano de até 80%, enquanto a inflação oficial do mesmo período correspondeu a 3,50%. Nas feiras livres, o litro do açaí médio custa entre R$ 15 e R$ 20, enquanto nos supermercados o mesmo produto oscila entre R$ 18,99 e R$ 25, dependendo da consistência do vinho.

O Dieese mostra o aumento no preço da farinha de mandioca pelo 11º mês consecutivo. No primeiro trimestre do ano, houve um reajuste total de 33%. Em março de 2012 o quilo da farinha foi comercializado em média por R$ 3,09; encerrou o ano de 2012 com o preço médio de R$ 5,56; em janeiro de 2013 custou em média R$ 6,06 ; em fevereiro atingiu R$ 6,83 e no mês passado foi comercializada em média a R$ 7,41 o quilo.

A farinha de mandioca impulsionou o aumento geral da alimentação básica do paraense, que bateu recorde de aumento todos os meses. Em março deste ano, a cesta básica dos paraenses subiu 1,80%, quando a inflação do mês ficou em 0,60% (INPC/IBGE). Segundo o Dieese, o reajuste foi de 8,49% no mês passado e o índice acumulado de aumento, de janeiro a dezembro de 2012, foi de cerca de 90%. Como é que o governo federal quer erradicar a fome a pobreza desse jeito? É do conhecimento de todos, que a alta dos juros do país só interessa ao capital financeiro e ao onipresente Fundo Monetário Internacional (FMI), que representam os segmentos que sempre lucram em todos os contextos de crise..

Diante do exposto, nos termos regimentais, apresento MOÇÃO apelando ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para que não penalize ainda mais a população brasileira com o aumento da taxa de juros, conforme sinalizado pela imprensa brasileira nos últimos dias.

Palácio Cabanagem, 16 de Abril de 2013.

Deputado Edmilson Rodrigues
Líder do PSOL