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Verequete é nosso Rei: 26 de agosto, Dia Municipal do Carimbó, Dia do Aniversário do Rei

Artigo escrito, originalmente, para comemorar o centenário de Mestre Verequete, no ano de 2016

Se é correto falar de imaginário amazônico, desde o ponto de vista de seu próprio povo, Verequete é, sem sombras de dúvidas, uma de suas sínteses mais belas e originais. Sua genialidade, expressada na força rítmico-melódica e na inventiva poética de suas composições, traduz uma postura filosófica, uma concepção e percepção de mundo, ao mesmo tempo amazônica e universal, simples e profunda como o mergulho de quem, empanemado de paixão, decide ir morar com “a sereia no fundo do mar”.

Augusto Gomes Rodrigues, ou melhor, Mestre Verequete, esse um que sabe “como é bom pescar na beira do mar em noite de luar”; esse caboclo cuja casinha “é tacada de taboca na beira de um riacho, coberta de pororoca” no bairro do Jurunas; esse mano velho que tão facilmente retira do coração uma mágoa como se tirasse a flor e o limão da rama do limoeiro; esse, é o mestre humilde e fraterno, consciente do valor de sua obra e do seu significado transformador da vida do povo.

Rei, comandante da coluna, Verequete faz rufar os tambores, organiza o terreiro para a luta, em outras palavras, para a dança do carimbo do Pará – remédio milagroso para quem, mordido pela cobra venenosa, sonha com um futuro digno.

Para as pessoas sensíveis e amantes de sua obra, no momento em que o mestre completaria seu centenário de vida, mais do que o importante simbolismo desta homenagem importa o reconhecimento concreto de que, mesmo agora que o mestre não está “de baixo de uma palmeira onde canta o sabiá” porque foi encontrar Mestre Lucindo lá no céu, continuamos ouvindo sua voz imortal de uirapuru, para orgulho da música universal produzida neste pedaço de chão vermelho cabano do Brasil.

Edmilson Brito Rodrigues
Professor e Arquiteto, Deputado Federal