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Quem estava na casa 58?

As revelações do JN de ontem são sérias e merecem profunda investigação. Vamos organizar os fatos para ajudar na reflexão do caso. Vários fatos ligam a família Bolsonaro aos milicianos do Rio de Janeiro, especialmente a contratação de integrantes desta organização criminosa no gabinete de Flávio Bolsonaro e a importância de Queiroz na estrutura de poder do clã.

Por Luiz Araújo

  1. Os assassinos de Marielle, segundo apuração policial, são Élcio e Ronnie Lessa, sendo que este último mora no mesmo condomínio do Bolsonaro, na casa 66, enquanto a casa do presidente é a 58.
  2. Na época da prisão, Bolsonaro declarou não conhecer o vizinho e muito menos o Élcio.
  3. O fato revelado no dia de ontem tem por base um depoimento e uma evidência:
    a. O miliciano Élcio foi ao condomínio horas antes do crime e esteve na casa do Ronnie e de lá saíram juntos. No registro da portaria consta que Élcio pediu para ir na casa 58. O porteiro ligou para a casa 58 e a entrada foi liberada. Ao acompanhar o trajeto do carro e ver que o mesmo havia ido para a casa 66 o porteiro ligou para checar e teria sido reafirmada a permissão.
  4. A “live” do Bolsonaro nos trouxe várias indicações importantes:
    a. Bolsonaro já sabia do fato desde dia 9 de outubro, segundo ele por confidência do governador Witzel (não fica claro por que, caso quisesse armar para cima dele, qual motivo o governador adiantaria tal fato).
    b. O vídeo do leão e das hienas ganha novo sentido, parece ter sido uma peça destinada a criar um antídoto aos ataques que Bolsonaro sabia que viriam nos dias seguintes. Idem para as falas de seu filho na tribuna da Câmara.
    c. Expos o seu álibi, mostrando que estava na Câmara no mesmo dia e horário, fato que não comprova a possibilidade de acesso remoto com o condomínio ou de que um dos seus filhos estivesse na Casa.Não esclareceu como seria uma armação o registro escrito da entrada de Élcio direcionado a casa 58.
    d. Partiu para o ataque contra três adversários que podem lhe atingir, mesmo que de diferentes formas: Witzel, Globo e Psol.
  5. As últimas falas do Bolsonaro mostram o desespero dele, o que evidencia culpa ou algum “fio solto” na história. A tentativa de intimidar o porteiro, de recorrer a Moro para lhe proteger (este deve estar comemorando a situação) são sintomáticas.
  6. Temos que exigir investigação rigorosa.

Luiz Araújo
Professor da Faculdade de Educação da UnB
Diretor licenciado da ADUNB